'Cabideiras' mantêm tradição com produção artesanal de terços

13/12/2021

Elas vendem no pátio da basílica artigos religiosos feitos à mão. Mulheres propagam símbolos de fé e devoção à Aparecida.

(Link g1)

Há décadas, a 'recepção' dos romeiros no Santuário Nacional de Aparecida (SP) é feita por mais de uma centena de 'cabideiras'. Com dúzias dos mais variados modelos de terços, essas mulheres circulam pelo pátio da basílica, maior templo católico do Brasil, tentando convencer os fiéis a comprarem os artigos religiosos confeccionados por elas.

Na produção artesanal de terços, elas que herdaram da família o ofício, sustentaram as famílias e ajudam a propagar os símbolos de fé e devoção à Nossa Senhora.

Com os 'cabides', estruturas onde carregam cerca de 10 quilos em produtos, elas caminham abordando os fiéis para vender lembrancinhas - que custam em média, entre R$ 2 e R$ 50. Elas também guardam um pouco da história do templo, que viram ser ampliado e receber a visita de papas.

Uma destas mulheres é Cleuza Pereira de Souza, de 55 anos, sendo 28 anos deles trabalhanDo no pátio da basílica. Sem opção de emprego, ela conta que começou aos 27 anos por necessidade.

"Não foi uma escolha, foi pela necessidade, já que eu precisava trabalhar. Mas hoje vejo que tenho um trabalho abençoado, sou devota, tenho fé e, com o dinheiro daqui criei três filhas e um neto", disse orgulhosa.

O ofício, ela diz que ensinou a outras cabideiras que trabalham no local, mas lamenta que seja uma profissão que, como ela classifica, está 'morrendo". "As novas gerações não têm interesse e, cada uma de nós que deixa a atividade, não é reposta", lamentou. Atualmente 125 mulheres têm licenças de 'cabideiras'.

No mercado religioso de Aparecida, a cabideira Erlinda Ramos Guimarães, de 58 anos, também encontrou sua fonte de renda. A confecção dos terços ela aprendeu com a mãe aos 16 anos. "Eu sempre fiz terços, minha mãe ensinou a mim e às minhas irmãs, quando eu tinha 16 anos. Ela trabalha há 20 anos no Santuário".

Uma das mais antigas no local, a cabideira Silvana Maria de Oliveira, de 52 anos, vende em Aparecida desde os 10. "Meus pais trabalhavam aqui, eles vendidam retratos da basílica. Lembro que aos 10 anos eu já fazia terços e os ajudava. O primeiro dinheiro que ganhei aqui comprei um brinquedo", relembrou.

Com as mãos marcadas pelo trabalho, ela conta que produz em média 20 dúzias por dia de terços. "Ou produzo enquanto estou aqui no santuário expondo a mercadoria ou em casa. É um trabalho difícil, mas gratificante. A gente convive aqui com muitas histórias de fé e milagre que as pessoas nos contam. Sou devota também", disse.

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