Transexual funcionária de centro militar adota nome social no crachá
Ela é a primeira transexual do DCTA em São José dos Campos (SP).
Lilian disse que nunca sofreu preconceito no trabalho.
Funcionária de um organização militar, Lilian Alessandra Consiglieri, de 58 anos, encarou o medo de sofrer preconceito e assumiu a sexualidade diante dos colegas de trabalho. Há um ano, Claudio Alexandre 'trocou' de nome, ganhou um novo crachá e se tornou a primeira transexual do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) de São José dos Campos (SP).
Ela passou a ter o direito a usar o chamado 'nome social' no trabalho, diferente do que estampa no registro de nascimento.
Lilian Alessandra nasceu Claudio Alexandre. Mais velha de três irmãos homens. Filha de pai peruano e mãe brasileira. Ela conta que há mais de 50 anos, a transexualidade era um tema impensável e, por isso, ela diz que demorou para descobrir e entender como se sentia.
"Se você voltar no tempo, a transgeneridade era algo impensável. Eu só fui ter contato com meninas aos dois anos, quando fomos para Lima [no Peru] e conheci minhas primas. Desde então, queria compartilhar as bonecas, brincar. Aos sete anos, quando já tinha mais consciência e me identificava ainda mais com as minhas primas, minha mãe percebeu e começou a limitar a companhia das meninas", contou.
Você se aceitar é um primeiro passo para a felicidade verdadeira, aquela na qual você agradece a cada dia ter amanhecido"
- Lilian
Ela relembra que a principal dificuldade era não entender quem ela era. Na adolescência, Lilian contou que que sofreu bullying, se isolou e teve complexo de inferioridade.
Aeronáutica
Neste último ano em que conseguiu viver sua feminilidade, Lilian conta que sempre perguntam como ela consegue estar sempre arrumada e produzida.
"Minhas colegas brincam que ficam até com vergonha, mas quando você passa a ser mulher, adquire vocação feminina.Você passa a ver o mundo mais florido, as cores adquirem novos aspectos, a sensibilidade brota", contou.
Preconceito
Na família, ela conta que também sofreu preconceito de familiares. "Eu sou o mais velho de três irmãos homens. Meu irmão do meio não aceita; o mais novo, a gente sai junto, se diverte. Minha mãe ficou sabendo da minha opção antes de falecer e foi resistente, mas como sempre tive presente ao lado dela e ela podia contar comigo, ela foi tolerando", concluiu.
